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Simbiose em AT: conceitos e reflexões

  • Foto do escritor: Patrícia Azevedo
    Patrícia Azevedo
  • 18 de ago. de 2023
  • 22 min de leitura

Atualizado: 15 de ago. de 2024

Explorando os fundamentos e implicações da Simbiose na abordagem terapêutica.

 

Neste post, você vai aprender:

  1. O que é Simbiose em Análise Transacional - uma breve introdução ao tema

    1. De onde vem o conceito

    2. Alinhando nomenclaturas: Simbiose Natural, Patológica e Simbiontes

    3. Simbiose Natural x Desenvolvimento Normal

    4. Simbiose Patológica

  2. Desqualificação como mecanismo e Grandiosidade como justificativa para a Simbiose

    1. Desqualificação - o que fazemos para manter a Simbiose

    2. Grandiosidade - como justificamos a necessidade do relacionamento simbiótico

  3. Tipos de Simbiose

  4. Convites Simbióticos

  5. Ferramentas para trabalhar Simbiose

  6. Algo mais para além da estrutura - o apego presente na Simbiose e a Fome de Vínculo

  7. Críticas ao conceito de Simbiose

 

O que é Simbiose - uma breve introdução ao tema

Para compreender o conceito de Simbiose, é necessário explorar alguns contextos. A origem da palavra remonta ao grego e carrega o significado de "viver juntos". A expressão foi primeiramente cunhada em 1879 por Anton Bary, um renomado cirurgião, botânico e microbiologista alemão. Ela é empregada para descrever uma associação íntima entre organismos de diferentes espécies, na qual uma ou ambas as partes obtêm benefícios mútuos.


Transpondo o conceito de Simbiose para a lente da Análise Transacional (AT), afirmamos, primeiramente, que essa interação se manifesta entre seres humanos. Em segundo lugar, substituímos a expressão "associação íntima" por "dependência", uma vez que a Intimidade representa um dos pilares fundamentais da Autonomia, conforme delineado por Eric Berne (1988). Por fim, oferecemos um conceito para Simbiose em AT: condição em que duas ou mais pessoas agem como se fossem uma única entidade (Woollams, 2019). Autonomia e Simbiose se excluem mutuamente, pois quando a Autonomia está presente, a Simbiose não encontra espaço para se desenvolver.


Ao aprofundar nossa compreensão do conceito de Simbiose em Análise Transacional, somos capacitados a desvelar complexos mecanismos subjacentes às relações humanas e aos processos psicológicos que moldam nossas interações e desenvolvimento pessoal. Então vamos lá! Preparar, apontar, estudar!

 

De onde vem o conceito


Holdeman (1989) descreve Simbiose no contexto da Biologia como a convivência íntima de dois ou mais organismos dissimilares em uma associação que pode tanto ser benéfica para todos os envolvidos, quanto prejudicial para um deles. A gama de relacionamentos simbióticos pode variar desde o mutualismo, no qual um dos extremos se beneficia sem prejudicar o outro, até o parasitismo, no qual um organismo prejudica o outro.


Exemplos ilustrativos incluem:

  1. Líquen: Uma combinação entre um fungo e uma alga ou uma cianobactéria. Este fenômeno resulta em uma entidade simbiótica única.

  2. Caranguejo eremita e anêmonas-do-mar: Nesse caso, o caranguejo eremita age como um meio de transporte para a anêmona-do-mar, enquanto esta última oferece proteção ao caranguejo, formando assim uma relação simbiótica.

  3. Piolhos e mamíferos: Um exemplo de simbiose parasítica, em que os piolhos se alimentam de resíduos da pele, secreções sebáceas e sangue dos mamíferos hospedeiros.


Esses casos ilustrativos destacam a diversidade e complexidade das relações simbióticas na natureza.

Quando aplicada à interação humana, a noção de simbiose exclui o termo "dissimilar". Para Holdeman (1989), em contextos sociais, os relacionamentos simbióticos podem abranger uma ampla gama de benefícios mútuos, desde acordos econômicos em matrimônios até conexões mais intrincadas, onde os filhos limitam sua habilidade de enfrentar desafios da vida, preferindo permanecer dentro do refúgio proporcionado pelas figuras parentais. Nesse último exemplo, os pais podem buscar reconhecimento (atenção) dos filhos.

 

Alinhando nomenclaturas: Simbiose Natural, Patológica e Simbiontes


Na literatura de Análise Transacional, foram apresentados dois conceitos de Simbiose social pelos Schiffs (1971): uma Simbiose Natural e uma Simbiose Patológica. A Simbiose Natural é uma fusão e compartilhamento das necessidades tanto da mãe quanto da criança, a fim de garantir a sobrevivência da criança quando esta ainda não possui estados de ego Adulto e Pai suficientemente desenvolvidos para avaliar e oferecer proteção do ambiente (Figura 1a - HOLDEMAN, 1989). O objetivo desse relacionamento natural é garantir a sobrevivência e preparar a prole para a eventual autonomia (independência, liberdade) à medida que amadurecem (Figura 1b - HOLDEMAN, 1989).

Simbiose Natural e indivíduos autônomos na fase adulta

A Simbiose Patológica, conforme apontado pelos Schiffs (1971), tende a ocorrer quando a parentalidade é inadequada para preparar a prole para funcionar como indivíduos autônomos que podem resolver problemas no mundo. A Simbiose torna-se disfuncional quando interfere na sobrevivência e na satisfação dos indivíduos:

  1. Em primeiro lugar, limitando o desenvolvimento de habilidades ou estrutura interna de cada um dos indivíduos, criando assim uma interdependência;

  2. Em segundo lugar, limitando as opções devido à necessidade de proteger o outro indivíduo;

  3. E em terceiro lugar, tendo apenas uma visão sobre cada questão, em vez de duas.


A Simbiose é prejudicial quando interfere no desenvolvimento das capacidades de espontaneidade, consciência ou intimidade (por exemplo, o constante sufocamento afetuoso da mãe, estruturando assim o tempo e a energia da criança para atender à demanda da mãe por atenção). Pessoas que se sentem incapazes de sobreviver independentemente entrarão em uma Simbiose Patológica (simbolizada na Figura 2 - HOLDEMAN, 1989) e lutarão para continuar dentro desse quadro.

Simbiose Patológica

A pessoa que desempenha o papel de dependência maior (ou seja, catexia na Criança) cresce e avança para coisas maiores, a menos que haja uma severa dependência. O ato de se desprender do Pai Protetor deixa um vazio que precisa ser preenchido (Figura 3b - HOLDEMAN, 1989), e a pessoa dependente, portanto, sente uma compulsão em encontrar alguém que forneça proteção, dite o que fazer e tome decisões importantes por ela. O papel de Criança dependente é o "Simbionte Subordinado". Pessoas que fornecerão suporte, substituindo o papel do Pai e Adulto ao servirem como uma "Metade Protetora" ou "Pilar de Suporte" (Figura 3a), podem ser encontradas ao longo da vida - na escola (aluno favorito do professor), na faculdade ou pós-graduação (protegido), no trabalho (protegido do chefe ou de um colega mais velho) e no casamento.


A Metade Protetora da Simbiose também sente uma perda, pois seu estado de ego Criança sofre uma deficiência de reconhecimento, a qual pode ser satisfeita estendendo a "maternagem" ou proteção a outros indivíduos (por exemplo, um novo protegido).

Representação dos Simbiontes
 

Simbiose Natural x Desenvolvimento Normal


Como conceituado por Schiff (1971), a Simbiose é uma condição natural que se manifesta durante a fase oral do desenvolvimento infantil. Tanto a mãe quanto a criança experimentam essa Simbiose por meio da fusão ou compartilhamento de suas necessidades. Por exemplo, a mãe pode estar em sono profundo, mas acorda prontamente quando a criança chora. Ou durante a amamentação, a mãe pode liberar secreção láctea ao escutar o choro da criança. A principal função da Simbiose é assegurar a sobrevivência da criança em um estágio de total dependência. No entanto, à medida que essa criança cresce, a relação simbiótica evolui para um estado de autonomia, na qual ela se torna um indivíduo separado.

Essa definição deriva da teoria psicanalítica, carecendo da clareza presente na teoria da Análise Transacional, que emprega Estados de Ego observáveis no comportamento. Não é evidente que "mãe e filho se fundam ou compartilhem suas necessidades". Essa ideia sustenta a possibilidade de mães "naturalmente" se fundirem com seus filhos, não necessitando de uma vida própria ou, na linguagem da AT, desqualificando seus próprios Estados de Ego Criança para atenderem as demandas dos Estados de Ego Criança dos filhos no lugar (Figura 4). A partir dessa visão, os Diagramas de Simbiose Natural e Patológica podem ser representados da mesma maneira, diferentemente do proposto por Holdeman (1989) na Figura 1a.


Estados de Ego - Simbiose Natural e Patológica

Além disso, os conceitos formulados por Schiff estabelecem uma associação significativa entre Simbiose e a figura materna. Isso se justifica pela relevância dos vínculos estabelecidos durante a infância, os quais tendem a se consolidar especialmente entre a criança e a pessoa mais próxima a ela. Em sociedades ocidentais heteronormativas e sexistas, nas quais as funções relacionadas ao cuidado dos filhos são atribuídas à mulher, e na visão da Psicanálise, essa figura central geralmente é a mãe. No entanto, essa função pode igualmente ser desempenhada pelo pai, tios, avós, irmãos ou qualquer outro indivíduo que assume o papel de cuidador.


Enquanto os Schiffs (1971) consideraram a interdependência entre a criança e a figura cuidadora como uma Simbiose Natural, Woollams (2019) nomeou esse vínculo especial entre adulto e criança de Dependência Normal. Isso ocorre porque essa relação busca, de forma contínua, a autonomia da criança em desenvolvimento, permitindo que tanto o pai quanto o filho mantenham intactos seus próprios Estados de Ego durante esse processo. A Dependência Normal perdura entre pais e filhos durante a infância, encerrando-se somente quando a criança amadurece para cuidar de si mesma como indivíduo independente. A visualização da Dependência Normal é demonstrada na Figura 5, na qual o relacionamento entre adulto e criança é representado, sendo os círculos pontilhados símbolos dos Estados de Ego que ainda não foram completamente desenvolvidos na criança. No conceito de Woollams (2019), nenhum Estado de Ego é desqualificado durante o período de desenvolvimento da criança, de modo que a figura cuidadora também pode e deve cuidar das necessidades do próprio Estado de Ego Criança.

Estados de Ego - Dependência Normal

Embora as considerações dos Schiffs sobre Simbiose Natural não devam ser desconsideradas, pois apresentam importantes teorizações acerca da formação da Simbiose Patológica, o conceito apresentado por Woollams (2019) de Dependência Normal é mais condizente com as teorias modernas do desenvolvimento humano, com as teorias da Psicologia Social e com a própria Análise Transacional, que se embasa em comportamentos observáveis. O autor afirma que as relações simbióticas são sempre patológicas, uma vez que, de acordo com a definição da AT, envolvem o desqualificação de um ou mais Estados de Ego disponíveis para o desenvolvimento. O que ocorre em uma infância, adolescência e infância saudáveis (bem como em um relacionamento de psicoterapia) é uma Dependência Normal. Aqui, a criança é autorizada a crescer e eventualmente deixar o relacionamento de dependência. Por outro lado, em uma Simbiose, ambas as partes desejam manter o relacionamento como está. Na Dependência Normal, é crucial reconhecer e utilizar todos os Estados de Ego disponíveis e fornecer cuidado para os Estados de Ego Criança de todas as partes envolvidas. Portanto, no desdobramento deste post, utilizo o conceito "Dependência Normal" para me referir aos estágios iniciais de dependência entre a criança e seu cuidador.

 

Simbiose Patológica


O desenvolvimento da personalidade humana pode ser observado como uma progressão de estágios distintos, porém inter-relacionados, que avançam desde uma dependência física e psicológica total com os cuidadores até uma independência funcional ou autonomia (SCHIFF, 1977). Isso significa dizer que a Dependência Normal perdura por toda a infância e só termina quando a criança amadurece o suficiente para dar conta de si mesma como uma pessoa crescida (WOOLLAMS, 2019). Em algumas circunstâncias, podem ocorrer um distúrbios durante o período de Dependência Normal, como separação ou indiferença, ou quando a diferenciação entre a criança e a figura de cuidado não ocorre de maneira saudável, levando a negligência ou superproteção e ao desenvolvimento de Simbiose.


Relacionamentos simbióticos são sempre patológicos, pois envolvem a Desqualificação de um ou mais Estados de Ego. Um modo para se estabelecer a Simbiose é quando a figura parental deixa de satisfazer as necessidades do próprio Estado de Ego Criança. Quando isso acontece, ela pode se tornar extremamente sensível às necessidades do filho, continuando a prover e cuidar delas ao invés de permitir que a criança se cuide (superproteção). Em resultado, a pessoa aprende a não pensar, visto que não lhe é permitido catexiar o Adulto e o Pai. Ela pode se tornar manipuladora, induzindo outros a satisfazer suas necessidades.


Em outras ocasiões, a criança aprende a assumir, na Simbiose, o papel originalmente assumido pela figura de cuidado. Se a criança sentir, por exemplo, o pai muito necessitado, envolvente ou opressivo, poderá querer excluir seu próprio Estado de Ego Criança e ficar no Pai ou Adulto para se proteger e não ser engolida.


Ou, se cansar de desqualificar as próprias necessidades e carências, a figura parental pode, mais tarde, inverter os papéis e colocar suas necessidades em primeiro lugar, recusando-se a cuidar adequadamente do filho. Nesse caso, filho aprende a cuidar do pai, não olhando para as próprias necessidades, tornando-se ele mesmo um "paizinho". Aprende o papel de auxiliador, vivendo vida afora pensando pelos outros e dizendo-lhes o que fazer, ao mesmo tempo que desqualifica as próprias necessidades e carências.


Na visão do Schiff (1971), todos os Jogos se desenvolvem a partir de relações simbióticas não resolvidas, com Desqualificação como mecanismo e Grandiosidade como justificativa. Esses Jogos são uma tentativa de reencenar o relacionamento simbiótico, muitas vezes com o intuito de obter cuidado ou expressar raiva em relação a essa dinâmica. O movimento dos Jogos são aprendidos na relação pai e filho e reforçam a Simbiose.


Dentro de uma relação simbiótica, estabelece-se um contrato de dependência mantido pela Passividade, com o propósito de evitar a plena ativação dos Estados de Ego. Isso se deve ao fato de que, se um ou ambos os simbiontes ativarem completamente seus Estados de Ego, a própria Simbiose entraria em risco.


À medida que a Passividade começa a diminuir, pode surgir uma competição pela posição de Simbionte Dependente dentro da Simbiose. No entanto, essa competição muitas vezes ocorre de forma inconsciente, já que ambas as partes podem não estar cientes de alternativas para a Simbiose. Essa luta é frequentemente percebida como uma batalha pela sobrevivência, na qual o tema central é a existência ou não existência.


Outro aspecto interessante é como as funções da Criança podem ser divididas entre os dois indivíduos da relação simbiótica. Por exemplo, se Joe tem uma dor de cabeça, Jane, que raramente tem dores de cabeça, pode ativar Estado de Ego Pai para cuidar de Joe ou criticá-lo por sua fraqueza. Por sua vez, Jane pode depender de Joe quando bebe demais, esperando que ele cuide dela e a leve para casa.


Dentro da simbiose, as Transações são estruturadas para manter essa ligação simbiótica. Por exemplo, quando Joe menciona casualmente que precisa de uma carona até a estação, Sam responde perguntando sobre o horário do trem e oferece sua ajuda. No entanto, nem Joe nem Sam percebem que Joe não havia realmente pedido uma carona. Essa falta de clareza na comunicação muitas vezes ocorre porque fazer uma pergunta direta ou um pedido implicaria reconhecer o outro como uma pessoa independente. Nesses casos, a Simbiose é ameaçada e a pessoa pode reagir com desconforto.


Muitos pacientes podem manifestar comportamentos aparentemente irracionais como uma forma de lidar com Transações que poderiam comprometer a dinâmica de Simbiose em que estão inseridos. Esses comportamentos desordenados muitas vezes são uma alternativa à ameaça percebida à Simbiose, buscando preservar a relação disfuncional de dependência. Portanto, entender os complexos mecanismos da Simbiose e suas ramificações é essencial para promover relacionamentos saudáveis e um desenvolvimento psicológico equilibrado.

 

Desqualificação como mecanismo e Grandiosidade como justificativa para a Simbiose

Desqualificação - o que fazemos para manter a Simbiose


A Desqualificação surge como um mecanismo acionado pelo diálogo interno, resultando na incapacidade de uma pessoa agir em certos aspectos da realidade. Aqueles que se envolvem na Desqualificação acreditam ou agem como se algum aspecto de si próprios, dos outros ou do contexto fosse menos relevante do que realmente é. O impacto desse processo é minimizado para preservar o quadro de referência, engendrar Jogos e prosseguir com o Script, tudo isso com o intuito de fortalecer ou validar as relações simbióticas com outras pessoas.

Cada vez que alguém busca estabelecer ou manter uma Simbiose, muitas vezes não percebe que está distorcendo algum aspecto de sua experiência interna ou externa. Nesse sentido, a função subjacente da Desqualificação é de estabelecer ou manter uma simbiose que proporcione Carícias. Isso pode se manifestar tanto na Desqualificação de si mesmo quanto dos outros, bem como da situação em questão.

Um exemplo ilustrativo é a seguinte situação envolvendo um bebê chorando e as possíveis reações dos pais:

  1. Ignoram completamente, exibindo um desprezo patológico;

  2. Atribuem o choro a um comportamento sempre presente nesse horário, subestimando sua importância;

  3. Declaram não haver solução possível, diminuindo as chances de uma resolução;

  4. Reconhecem que o bebê está chorando, que é um problema que pode ser resolvido, e que outras pessoas poderiam ajudar, mas optam por buscar ajuda externa.


No processo de Desqualificação, é necessário que haja a operação de um Adulto desinformado, mal orientado, contaminado ou até mesmo excluído. Isso pode ser observado nos cenários anteriores:

  1. Exclusão do Adulto dos pais: ao responderem na voz de sua Criança, os pais podem se queixar e choramingar, abrindo mão do pensamento crítico e, assim, deixando de coletar informações valiosas para resolver o problema (como verificar se o bebê está molhado ou com frio). A Criança interior dos pais tende a classificá-los como impotentes e inadequados, enquanto o Pai interior os rotula como inúteis e ineficazes.

  2. Adulto contaminado pelo Pai: "é melhor deixar os bebês se acalmarem naturalmente do choro para o sono do que pegá-los no colo". Os pais podem acreditar que estão coletando mais provas de que seus comportamentos estão sendo governados pelo Adulto quando o bebê se aquiesce, cessa o choro e adormece.

Grandiosidade - como justificamos a necessidade do relacionamento simbiótico


A Grandiosidade emerge como um fenômeno que desempenha o papel de fornecer uma justificativa para a continuidade da Simbiose. Essa tendência envolve a criação intencional de um exagero, que pode incidir tanto sobre as características pessoais individuais quanto sobre a projeção de tais exageros sobre o ambiente, distorcendo, assim, as características das pessoas ou situações em questão. A Grandiosidade tem o propósito de compensar sentimentos de inadequação, e seu efeito é estabelecer um refúgio de metas alcançáveis. Nessa realidade flexível, a pessoa permanece num ciclo constante de busca, no qual as metas sempre parecem estar fora de alcance, evitando, assim, tanto o êxito quanto a falha.

Dentro desse contexto, o paciente evita assumir a responsabilidade por decisões relacionadas a situações específicas, atribuindo a responsabilidade por seus comportamentos à situação. A Grandiosidade também engloba a prática do exagero, seja através de minimização ou maximização, para justificar a persistência da Simbiose. Quando um indivíduo maduro se envolve em um relacionamento simbiótico, ele se vê compelido a exagerar algum aspecto de si próprio, dos outros ou da situação, tudo isso para reviver a sensação que experimentou anteriormente. Essa distorção do pensamento revela-se como uma estratégia inconsciente para manter a relação simbiótica em andamento.


Os fenômenos da Desqualificação e da Grandiosidade podem ser verificados nos exemplos abaixo:


Situação 1:

João deveria buscar seu filho depois do jogo. Sua esposa não sabia.

João diz: "Esquecemos de buscá-lo!"

Simbiose: João assume que a esposa é igualmente responsável pelo erro.

Grandiosidade: a esposa é responsável, mesmo sem ter informação.

Desqualificação: João é responsável. A esposa não.

Situação 2:

Carla: "eu não consigo fazer que meu filho de 8 anos saia da TV porque João não me dá apoio."

Simbiose: Carla não pode agir independente de João.

Grandiosidade: Carla é inadequada, João é incontrolável.

Desqualificação: Carla pode resolver o problema. João não é incontrolável.

Situação 3:

João, dirigindo sob forte neblina, diz: "não vejo nada". Solta o volante e causa acidente.

Simbiose: não tem ninguém pra cuidar de João.

Grandiosidade: a neblina era irresistível.

Desqualificação: João poderia ter parado em algum lugar.

 

Tipos de Simbiose


A classificação da simbiose pode ocorrer sob duas perspectivas distintas. A primeira delas considera a dimensão estrutural dos Estados de Ego, enquanto a segunda avalia o aspecto funcional. No que concerne ao aspecto estrutural, este se baseia na natureza dos relacionamentos resultantes, classificando-os como competitivos ou complementares, delineando assim dois tipos de Simbiose: competitiva e complementar.

A Simbiose Competitiva surge quando os indivíduos competem pela mesma posição dentro da dinâmica simbiótica. Isso pode ser exemplificado em casos de crianças dependentes, onde frequentemente ocorrem sentimentos de raiva, agitação e incapacitação.

Em contrapartida, a Simbiose Complementar ocorre quando ambos os indivíduos concordam com suas posições mútuas e as mantêm sem conflitos aparentes. Na Simbiose Competitiva, a escalada busca determinar qual parte obtém a posição considerada mais vantajosa para ambos. À medida que a relação complementar se estabelece, as posições se solidificam.

Em termos de aspecto funcional, a simbiose ocorre quando os indivíduos valorizam mais a função desempenhada do que os próprios Estados de Ego. De acordo com Schiff (1986), essa abordagem pode ser adotada de maneira moderada ou rigorosa. Isso é exemplificado nos papéis tradicionalmente atribuídos aos gênero masculino e feminino, que representam uma variação sutil dessa abordagem. Como ilustração, consideremos a ideia de que "como homem desta casa, eu ficarei fora da cozinha, e como mulher, você ficará fora da oficina". Isso se traduz em permissões e restrições sobre os contextos nos quais cada um pode aplicar seu modo Adulto de pensar.

 

Convites Simbióticos


"Quando as pessoas se encontram, elas são habilidosas em sinalizar a que papel simbiótico desejam assumir. Esses convites simbióticos são frequentemente transmitidos sem palavras" (Stewart & Joines, 1987, p. 20).

Hart (1976) delineia um tipo específico de Transação conhecido como Transações Simbióticas. Esse tipo de Transação tem início a partir de um estímulo passivo seguido por um estímulo ulterior. Os convites presentes nessas transações são falsos, ou seja, não são genuínos em sua natureza, provenientes tanto do Estado de Ego Pai quanto do Estado de Ego Criança. Quatro tipos de Transações Simbióticas serão descritos e cada exemplo pressupõe que a pessoa que emite os convites espera que a outra parte compreenda a mensagem implícita por trás deles.

Todas essas solicitações são de natureza ulterior e a Simbiose se consolida quando tais convites são acolhidos. Para aceitá-los, a pessoa precisa responder ao estímulo ulterior com uma mensagem psicológica que seja complementar em sua natureza.

Tipo 1: Nesse tipo de convite, a Criança envia uma pergunta habilmente formulada ao Pai. Quando o Pai responde ao que a Criança quis dizer em vez do que foi dito, a Simbiose é estabelecida. A pessoa convidadora não quer que a pessoa que responde responda à pergunta ou declaração literalmente.

C: "Você tem um lápis extra?" P: "Aqui, use este."

C: "Você quer ir para a festa?" P: "Claro, a que horas devo estar pronto?"

C: "Alguém tem um fósforo?" P: "Aqui está."

C: "Você tem tempo para um café?" P: "Aqui, é o mínimo que posso fazer."

Tipo 2: Nesse tipo de convite, a Criança declara um problema. No entanto, há um significado implícito de que o Pai deve fazer algo em relação ao problema. Se o Pai Perseguidor ou Salvador oferecer uma solução, isso terá o efeito de reforçar a dependência da Criança em relação ao Pai.

C: "Minha cabeça dói." P: "Tome esse comprimido para isso."

C: "Meu carro não está funcionando bem." P: "Você deve fazer a manutenção regular do carro."

C: "Nada do que eu faço satisfaz meu marido." P: "Você já tentou cozinhar o prato favorito dele?"

C: "Você quebrou meu brinquedo." P: "Por que você o deixou no meio do chão?"


Cada uma das declarações da Criança tem o propósito psicológico de atrair um Pai Perseguidor ou Salvador. Essas declarações não lidam com a questão real, ou seja, o que a Criança realmente quer.

Tipo 3: Nesse tipo de convite, o Pai deseja um tipo de comportamento e faz uma pergunta do tipo "Por que você não...". Embora pareça uma pergunta do Adulto em busca de informações, tal pergunta na verdade revela como o Pai quer que a Criança se comporte ou exige uma justificativa. Respondendo a essa expectativa, a Criança aceita o convite.

P: "Por que você não arruma o seu quarto?" C: "Eu tenho que fazer isso?"

P: "O que você vai fazer em relação às suas notas?" C: "Eu odeio a escola."

P: "O que você tem a dizer por si mesmo?" C: "Não foi culpa minha."

P: "Por que você não para de sair com ela?" C: "Sim, mas ela depende de mim."


Além de implicar um tipo de comportamento, esses convites do Pai também obrigam o filho a se explicar. O Pai não está sendo direto sobre o que espera.

Tipo 4: Nesse tipo de convite, o Pai Perseguidor diz à Criança o que está errado com as coisas e, em seguida, diz como o Pai quer que a Criança se comporte.

P: "Seu quarto está bagunçado." C: "Bem, o Billy bagunçou."

P: "Você não estava usando uma gravata para o trabalho." C: "Ah, eu não sabia. Não acontecerá novamente."

P: "Você não passou a minha camisa a ferro." C: "Eu estive trabalhando duro o dia todo."

P: "Você está atrasado novamente." C: "Você sabe o que pode fazer com isso."


Embora o nível social de cada declaração do Pai pareça ser uma afirmação da realidade, as palavras escondem a mensagem psicológica de "É melhor você fazer isso".

 

Ferramentas para trabalhar Simbiose


Identificar prontamente as características de dependência em uma pessoa, ou de tornar outros dependentes dela, pode acelerar os processos de mudança. Existem diversos indícios que um psicólogo pode observar para esse fim. Por exemplo, certos indícios podem incluir a inclinação para jogos como "Vê se me aguenta", "Por que isso sempre acontece comigo?" ou "Se não fosse você".


Outro método de induzir a dependência é fornecer informações incompletas e esperar que a outra parte compreenda as intenções subjacentes. No Brasil, é comum ouvirmos o ditado "para bom entendedor, meia palavra basta". No entanto, frequentemente não percebemos que estamos tratando de convites simbióticos.


Outras transações mais sutis também podem indicar simbiose. Por exemplo, mencionar o nome de alguém ausente ou desconhecido para provocar uma pergunta por parte da outra pessoa.

  • "João me desanima..."

  • "Quem é João?"


Esquecer ou perder objetos também pode ser um indício de Simbiose. Quando uma pessoa esquece ou perde algo pela primeira vez, pode ser útil investigar a razão subjacente para essa ocorrência. Por exemplo, uma professora que desejasse adotar o papel de Criança e interagir de forma mais descontraída "esqueceu" suas chaves em outra sala. Da mesma forma, uma esposa que desejasse que seu marido adivinhasse sua irritação, mas que evitasse expressar diretamente seus sentimentos, "perdeu" seus óculos, acarretando custos adicionais para a substituição. Nesse caso, sua Criança estava comunicando sua autoridade ao Pai.

A maior parte dos comportamentos simbióticos manifesta-se de maneira sutil. Por essa razão, é essencial para o psicólogo estar atento ao que o cliente não está fazendo, assim como ao que ele está fazendo, a fim de abordar problemas de inadequação que sustentam a Simbiose.


Na clínica, existem várias abordagens que os psicólogos podem adotar ao trabalhar com clientes que apresentam relacionamentos simbióticos. Uma dessas abordagens é a Confrontação, uma operação terapêutica introduzida por Eric Berne em Princípios de Tratamento de Grupo. Nesse contexto, o psicólogo tem a tarefa de confrontar o cliente quando este desqualifica seus próprios sentimentos, os sentimentos dos outros e até mesmo as situações que estão ocorrendo. Essa abordagem requer firmeza e especificidade, sendo importante fornecer exemplos concretos que evidenciem o que está sendo desqualificado. Além disso, é essencial abordar a Grandiosidade. No entanto, esse é um aspecto particularmente desafiador de confrontar, uma vez que reside nos pensamentos do cliente e raramente se manifesta em comportamentos evidentes.


Uma abordagem alternativa é trabalhar o conceito e a diagramação de Transações, instruindo os clientes na identificação dos convites simbióticos que emitem e recebem (consulte a seção anterior). Os clientes rapidamente assimilam a noção de "convite" e consideram a classificação dos quatro tipos uma tarefa acessível. Um contrato de controle social eficaz consiste em evitar perguntas enganosas, ou seja, aquelas que ocultam a verdadeira intenção do Pai. Quando os clientes indagarem sobre como lidar com convites simbióticos, duas respostas úteis podem ser oferecidas: a prática da escuta ativa e a formulação de perguntas como "O que você deseja...?". Adotar esse tipo de resposta em vez de aceitar passivamente o convite representa outro contrato de controle social vantajoso para os clientes. Além disso, esses contratos destacam a singularidade de cada indivíduo, incentivando a assunção de responsabilidade pelo discurso e a conferir aquilo que não se tem plena certeza.

Há também uma ferramenta útil, cujo nome traduzi para a língua portuguesa como "Questionário do Salvador" (Lankford, 1972). São dois questionários com 15 perguntas cada, na qual a pessoa respondente avalia com qual frequência a situação descrita ocorre em sua vida ou em um relacionamento específico. Um questionário é direcionado para o Simbionte Subordinado e o outro para a Metade Protetora, mas o ideal é que o cliente responda os dois. Caso você deseje ter acesso a esse material, me mande um e-mail!

 

Algo mais para além da estrutura - o apego presente na Simbiose e a Fome de Vínculo


Segundo a definição de Schiff (1971), a Simbiose ocorre quando: "DDois ou mais indivíduos se comportam como se juntos formassem uma pessoa inteira. Essa relação é caracterizada pelo fato de que nenhum dos indivíduos catexiza ao máximo de estados de ego." O mecanismo usado para manter a Simbiose é a Desqualificação, que sempre envolve a não ativação de um Estado de Ego disponível para o desenvolvimento. Portanto, o trabalho do Psicólogo pode envolver a revitalização dos Estados de Ego enfraquecidos, a aceitação de responsabilidade pessoal, mudanças comportamentais para sair da Simbiose e a promoção da Autonomia, resultando assim no desmantelamento da Simbiose.


No entanto, a simbiose transcende essa descrição. Se fosse meramente uma questão de divisão de tarefas, seria mais simples de tratar e resolver. Outro fator entra em jogo: o traço humano de formar vínculos, como observado por White (1997).

Alguns estudiosos do desenvolvimento afirmam que as crianças passam por uma fase de indiferenciação, na qual os limites que as separam das mães permitindo que elas se vejam como indivíduos distintos, não são claros. Assim, a criança não consegue discernir onde termina ela e onde começa a mãe, entendendo-as como um único ser.

Referências como essas afirmam explicitamente que existe um vínculo emocional e uma fusão de identidades entre mãe e filho, ou ao menos isso é implícito. O modelo aqui apresentado baseia-se nessas pesquisas, propondo a ideia de que nos relacionamentos simbióticos ocorre uma fusão de vidas e personalidades, um apego profundo, motivado pela Fome de Vínculo. Para permitir tal fusão, especialmente nas fases iniciais da relação, as semelhanças são amplificadas e as diferenças são relegadas a segundo plano. White (1997) esboçou uma representação diagramática desse vínculo:



Diagrama de vínculo em um relacionamento

White (1997) propõe que o apego também pode apresentar problemas em relação à quantidade e à qualidade. Em alguns casos, pode ocorrer um superapego, resultando em um apego excessivamente intenso à outra pessoa. Em casais, Bader e Pearson, citados por White (1997), referiram-se a isso como "enredamento simbiótico". Em indivíduos, essa dinâmica pode se manifestar de maneira mais intensa no Transtorno de Personalidade Dependente, como definido pela Associação Americana de Psiquiatria em 1994.

Além disso, existem situações em que a quantidade de apego pode estar dentro de limites aceitáveis, porém a qualidade é problemática. Exemplos incluem a dependência com hostilidade, relações em que há ameaças de abandono, como no caso do Transtorno de Personalidade Borderline, bem como relações que são caracterizadas por um tom sádico e punitivo, entre outros cenários. Todas essas formas de apego evitam a criação de vínculos saudáveis, onde as pessoas não estão "presas" (ou excessivamente conectadas) uma à outra, permitindo, assim, uma intimidade verdadeira e benéfica. Em vez disso, tais dinâmicas de apego são frequentemente utilizadas para jogar Jogos Psicológicos e para expressar raiva em relação à outra parte.

Os teóricos da Análise Transacional desenvolveram um modelo que facilita a observação da comunicação entre as pessoas. Por meio desse modelo, surge a descrição da Simbiose em termos transacionais, com ênfase nas transações Pai-Criança e Adulto-Criança nos relacionamentos, que, embora inicialmente possam parecer como meras divisões de trabalho, apresentam nuances mais profundas.

No entanto, é uma simplificação entender o conceito de Simbiose da Análise Transacional apenas como uma divisão de trabalho. Na verdade, muitos autores têm insinuado que há mais a ser considerado.

White (1997) sugere que o comportamento simbiótico dos casais também envolve um vínculo apegado, uma fusão de limites individuais, uma perda do senso de "eu" e "não-eu" e uma transição dos "eus" individuais para o "nós" do relacionamento. Ao combinar essa linha de pensamento com as representações originais da Simbiose, chegamos a uma definição mais abrangente: a primeira oferece uma definição transacional e a segunda oferece uma definição baseada no apego e na Fome de Vínculo. Portanto, chegamos a uma definição mais completa: a simbiose ocorre quando dois ou mais indivíduos se comportam como se formassem uma única personalidade. Essa relação é caracterizada estruturalmente pelo fato de nenhum indivíduo ativar completamente todos os Estados de Ego, além de ambos apresentarem um apego significativo ao "nós" no contexto do relacionamento.


A simbiose se desenvolve, em parte, da necessidade de satisfação da Fome de Vínculo e o apego permite que essa necessidade seja atendida. Dado que essa fome é tão primal nos seres humanos, podemos compreender porque, em algumas situações, as Simbioses são difíceis de serem encerradas. As pessoas resistem a dissolver uma Simbiose porque isso implica na ameaça de ruptura de um vínculo, envolvendo não apenas a reorganização de uma divisão de trabalho, mas também uma reconfiguração emocional profunda.

 

Críticas ao conceito de Simbiose


O conceito de Simbiose e as propostas de tratamento apresentadas por Schiff têm sido envoltos em controvérsias devido às práticas polêmicas, antiéticas e até criminosas adotadas em institutos por eles geridos. O foco dessas práticas, conhecidas como reparentalização, estava voltado para pessoas psicóticas e os métodos desse tratamento foram amplamente criticados. É importante ressaltar que algumas vidas foram perdidas devido a essas intervenções, o que lança uma sombra de questionamento sobre os conceitos produzidos pelos Schiff. A menção dessas trágicas fatalidades sempre que se aborda os conceitos propostos por eles serve como um lembrete contundente da responsabilidade que é inerente ao desenvolvimento e aplicação de teorias terapêuticas. Tem o propósito também de qualificar as vidas que foram perdidas.

Um segundo ponto, vivemos em uma cultura profundamente individualista que frequentemente desencoraja a noção de dupla ou interdependência. O conceito de Simbiose na Análise Transacional (AT) demanda uma análise mais aprofundada, visto que sua descrição transacional pode ser interpretada como uma simples divisão de trabalho, favorecendo uma abordagem pragmática e individualista sob o véu da autonomia. A valorização da relação Adulto - Adulto é uma abordagem saudável que deve ser incentivada por profissionais da psicologia. A Simbiose, ao ser discutida, deve ser abordada com extrema delicadeza, considerando a sensibilidade das implicações e das histórias por trás de sua evolução e aplicação terapêutica. É fundamental equilibrar uma avaliação crítica das práticas do passado com uma reflexão cuidadosa sobre as possibilidades e limitações do conceito em contextos atuais.

 

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