Limonada
- Patrícia Azevedo
- 23 de set.
- 1 min de leitura
O amor não precisa de palavras para existir, embora ajudem a descrevê-lo.
Em uma tarde de verão, eu e minha irmã nadávamos e brincávamos na piscina do prédio. Era muito comum: em silêncio cúmplice, a gente deixava a mamãe em casa para lidar com os próprios problemas e descia para fugir ou nos distrair do comprimido efervescente de arsênio que era o casamento dos nossos pais.
Naquela tarde, mamãe desceu trazendo uma bebida em uma garrafinha térmica daquelas com tampa que gira pra abrir e fechar e dois copos de plástico em uma bandeja. Ela serviu um copo pra cada uma e nós bebemos. Lá em casa, os gestos de carinho eram raros e aquele, com certeza, foi um deles. Não eram todos os dias que a gente sabia que mamãe nos amava, mas naquele dia... Ah, naquele dia ela nos amou e o amor tinha gosto: limonada doce e geladinha.



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